terça-feira, 17 de maio de 2016

Testes com Exus e Médiuns

1) ALGUNS TESTES 

Era comum antigamente vermos testes com entidades, principalmente com Exus, testes com instrumentos perfurocortantes, cacos de vidros, fogo, velas, tratava-se de confirmações de entidades, e ainda, confirmações de incorporações inconscientes, ou ainda, comparativos de forças entre entidades, hoje ainda vemos em alguns terreiros, não me parece ser adequado esses procedimentos por razões que ainda esboçarei, contudo, ainda sim respeito quem os pratica, separei alguns testes mais comuns, a título de curiosidade.

Vale lembrar, que o modo como as entidades trabalham não está em "jogo" nesta reflexão, ou melhor, não está em pauta, cada entidade possui suas particularidades com velas, álcool, pólvora, fumos, bebidas, ervas, incensos e outros, é compreensível o jeito e procedimento em manipulação energética da magia pelas próprias entidades, mas como testes, acredito não ser saudável. São eles:

a) Círculo de velas de cores. É colocada uma venda nos olhos do médium, e em consequência na entidade, assim, ela tem a obrigação de acertar as cores em seus respectivos locais, teoricamente comprovando a veracidade da incorporação.
b) Queima de velas nas mãos, de forma que a parafina escorra pelas mãos do médium, também com finalidade de confirmação da existência da entidade, e ainda, que o médium não sinta dor.
c) Apagar cigarros mão e no corpo, também com finalidade de confirmação da existência de entidades e ainda a inconsciência do médium.
d) Atravessar corredor ou tapete de cacos de vidro, na intenção de não sentir as dores, e ainda, não ser cortado, comprovando-se a existência de entidade ali.
e) Andar sobre brasas quentes ou em chamas, algo similar com o item acima em relação aos cacos de vidro.
f) Queima com álcool e pólvora, comum nas mãos, também com a finalidade de comprovar que o médium realmente incorpora e ainda é inconsciente.


2) CRÍTICA

Deixo claro que respeito que faz esse tipo de teste, mas não concordo com os mesmos, haja visto vislumbrar diversas dificuldades em autenticação na Umbanda, quais sejam:

a) Primeiro ponto crítico, trata-se da grande verdade em que a maioria dos médiuns são conscientes ou semi-conscientes, salvo raras exceções, portanto, é o primeiro obstáculo que encontro para realizar tais testes, uma vez que um dos objetivos seria a comprovação da inconsciência, e tal teste, portanto, se inviabiliza na maioria dos médiuns.
b)Segundo ponto crítico, trata-se do fato de que pessoas comuns também conseguem realizar tais façanhas, não só entidades, diariamente vemos na mídia televisiva pessoas manipulando fogo, pólvora, andando em cacos de vidro, tudo isso sem estar incorporado, assim, tal situação não faz comprovação que ali exista realmente uma entidade.
c) Terceiro ponto e colocar em risco a vida do médium e dos demais que estiverem próximos, o risco de ocorrer um acidente é muito grande, para utilizar desses subterfúgios para comprovações absolutamente visuais, ou seja, todos sabem que o homem é facilmente manipulado e enganado, estudos recentes comprovam que o cérebro confia muito naquilo que vê, inclusive os ilusionistas sabem disso, e utilizam bastante desse conhecimento para suas mágicas.
d) Quarto ponto é o fato da Umbanda não ser um show, teatro, ou apresentação em que as pessoas procuram a casa para um divertimento noturno, ou mesmo ver uma apresentação de circo, apesar de muita gente procurar a Umbanda com essa finalidade, meramente especulativa e de curiosidade.
e) Quinto ponto é o fato de pessoas de má índole, utilizarem desse tipo de atividade para angariar consulentes, alegando demonstração de força perante as demais entidades e terreiros, ou ainda, aterrorizar quem os procura, fazendo isso lhes tornar um círculo vicioso, onde o consulente por estar impressionado com o teste, acreditar que tais testes são determinantes para permanecerem naquele terreiro e com aquela entidade.
f) Outro ponto crítico se deve ao fato que esses tipos de rituais são primitivos, inadequados a sociedade moderna, na atualidade as entidades buscam doutrinação, estudo, associam magias com bagagem de conhecimentos, talvez em épocas remotas, não que eu concorde, tinha alguma valia, porém, com a expansão espiritualista e a doutrinação dos médiuns e entidades, tais praticas são além de obsoletas e perigosas, verdadeiro atestado de primitivismo.
g) Atualmente é quase unânime entres os médiuns e Federações das Religiões entendendo ser estas práticas inadequadas, pois, na realidade denigrem a imagem da religião, portanto, "é nadar contra a maré" continuar com tais práticas.

3) ALTA E BAIXA MAGIA NA UMBANDA 

Os médiuns tem misturado as coisas, há diferenças que realmente afastam uma mentalização de um passe magnético, ou ainda, uma incorporação de um transporte. Quanto mais experiente, mais ensinamentos e ritualísticas acumuladas. Na Umbanda e Kimbanda também trabalha a alta e baixa magia, não é exclusividade do ocultismo ou paganismo. 

Os médiuns hoje tem levado para terreiros informações sem fundamento, tem agido com experimentação com seus irmãos e filhos da casa. Situação que causa acidentes e geram libertações de energias que não sabem manipular.

O senso de cuidado sempre deve existir, inclusive esse senso de segurança deve sobrepor a vontades e indicação de entidade.

São questões de trabalho com certos elementos que fazem parte dessa ritualística. Saber que eles existem não nos gabaritam para manipulação. Que episódios de incêndio como esses nos sirvam de lição. 

Se não consegue ter o senso de segurança e não detém a especialidade não se aventure. Faça o que você sabe fazer de melhor ( oração, passe, conselho e etc.), já é de bom tamanho quando feito com qualidade. 

Alguns exemplos de acidentes:

1999
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff09099905.htm

2022
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2022/10/05/video-explosao-deixa-pessoas-feridas-em-terreiro-de-sp.htm

2023
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2023/08/19/mulher-tem-60percent-do-corpo-queimado-apos-explosao-em-terreiro-de-umbanda-no-parana.ghtml


4) CONCLUSÃO

Os terreiros de Umbanda são muitos, e cada um tem suas particularidades, modo de formação dos médiuns, consagrações, modo de trabalho, permissões, hierarquia, que respeito bastante, mas em relação aos testes, principalmente com Exus, creio ser sem fundamento e desnecessários, atestando a falta de capacidade perceptiva do dirigente perante as varias entidades e ainda sobre seus médiuns, abrindo portas para o egocentrismo, vaidades e os fins especulativos da religião Umbanda, desmerecendo a mesma do título de religião, para simples, ou mesmo complexos títulos de rituais. O ritual está na umbanda, porém, umbanda não é só ritual, é também e principalmente instrumento de regeneração e modificação do ser, modificações profundas, mais complexas do que os olhos veem.
 
O verdadeiro teste seja para o médium ou para as entidades, está quando se conversa com um consulente que foi em determinada entidade ou esteve com determinado médium, e você obtém a informação que o mesmo obteve cura, ou mesmo que não tenha obtido cura, saiu forte e confiante para enfrentar aquela dificuldade, restabeleceu-se a coragem, ou ao menos a esperança para continuar a caminhada de provações.



Atualização 04/11/2023

Testes com Exus e Médiuns | Autor | Advogado | Agostinho de Siqueira Neto | Diário de Exu Tiriri

3 comentários:

  1. Concordo com a visão do autor, parabéns, elucidador...

    ResponderExcluir
  2. Cresci escutando minha mãe falando que meu avô quando incorporava enfiava um punhal na barriga e no dia seguinte estava sem nenhuma ferida, não entendia pq ele fazia isso mas agora consegui entender um pouco

    ResponderExcluir