sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Mistério de Exu Tiriri - Parte 5

Antes de adentrarmos nas formas de pensamentos precisamos entender Exu com uma instituição permanente e independente que trabalham dentro da Moral e Ética, Exu Tiriri transita pela moral e trabalha suas execuções dentro da ética, porém, a moral, de modo exclusiva na Umbanda, e de modo inclusiva na Kimbanda. 

As pessoas costumam não diferenciar moral de ética, contudo, são aspectos diferentes, enquanto a moralidade está inserida na normatização dos costumes e práticas, no regramento e até legalização, a ética está dentro da aplicabilidade. 

Quando entendemos Exu Tiriri como um executor, fazendo se realizar as manifestações oriundas das firmezas, pedidos, trabalhos e outros, devemos entender que pra essa entidade, apenas trabalhará dentro de uma única "moral" se estiver inserida dentro dos aspectos vinculados aos cultos de Umbanda, isso claro dentro de um aspecto organizado, a título de exemplo uma casa ou terreiro com fundamentos Umbandistas dentro do prisma das 7 linhas que é a chamada lei divina ou Sagrada da Umbanda, que sobrepõe a moral ou a lei natural dos homens.

Assevera-se que Exu Tiriri vai onde é convidado e também onde não é, assim encontra- se inserido dentro dos anais da Kimbanda ou Quimbanda e também da Umbanda. Então, logo chegamos a conclusão que Exu tem uma instituição própria, com trabalhadores especializados que nunca "pisam" em terrenos de Umbanda ( Exemplo: Exu Massofia, Exu 7 Diabos, Exu Barrabás) e outros Exus que conseguem transitar tanto em Umbanda como em Kimbanda, como é o caso do Exu Tiriri, Exu Pinga Fogo e Exu Marabô por exemplo.


Mas, porque isso ocorre? Com mencionado a moral e a ética estão inseridas em todas sociedades e culturas, desta forma, os regramentos, sejam os repassados de forma escrita ou de forma verbal, são o consenso comum daquele povo, comunidade regional ou local, então o Exu Tiriri trabalha dentro desse prisma transitando dentro dessa egrégora de moral construída. Assim, quando está em campo Umbandista se adentra dentro da classificação, Exu Coroado, Exu Espadado, Exu Pagão e lógico, como mencionado na Parte 1 dos Mistérios de Exu Tiriri, ele gosta de ser tratado com representação de reinado e coroado, pois ainda que a classificação seja romantizada com dutos Europeus advindos da mescla de formação da teologia da Umbanda, ele faz questão de ter inserido esse aspecto de Reino em seu cosmograma espiritual, que se deve não por influências europeias ou pretorianas, mas, porque sua influência é Yorubana a começar por seu nome, e lá também tem moral e ética monarca, com por exemplo Xangô que era Rei de Oyó.

Quando está inserido na Kimbanda, que seria seu princípio original e raiz, não que seja melhor ou pior, ele se utiliza também da moral e ética, mas em sentido amplo (Aplicando a moral da lei Sagrada das 7 linhas e as demais leis das comunidades sejam divinas ou materiais), a diferença é que ele tem a escolha em suas mãos, o juízo de aplicação ou execução da ética está no Instuito Exu e não na Umbanda. 

Por essa razão acima mencionada, que Exu e Pomba Giras foram tão demonizados, alguns Exus literalmente ficaram dentro dessa "guerra" tomando partido inclusive dentro do espírito de luta contra os dominadores destruidores da doutrina existente entre os praticantes, faziam e fazem questão, até os dias atuais, de serem assim taxados, daí uma linguagem e trabalhos mais densos de alguns Exus na Kimbanda onde era visto por comunidades de influência cristã e outras influências dualisticas, como demônio, a ponto de Exu em certa época não ser trabalhado dentro de terreiros de Umbanda, mas, aos poucos foram inseridos e melhor compreendidos tanto pelos encarnados quanto pelos desencarnados, firmados dentro da Lei das 7 linhas ou emanações divinas, obtendo assim seus convites permantes nos terreiros de Umbanda.

Para adentramos nas formas de pensamento face a ausência ou o minimalismo, nos torna relevante trazer da Cabala alguns ensinamentos a título de compreensão. 

Na Umbanda quando os médiuns iniciam seu processo de desenvolvimento, inclusive de incorporação, ao estarem em processos de transe mediúnico, a técnica mais comum é o afastamento dos pensamentos diários e estressantes, causando uma calmaria mental que se estravasa ao corpo, sentindo a própria respiração, mas junto com isso entra a imaginação das preconcepções que temos a respeito das entidades. Mesmo que sejam dentro das formas românticas inspiradas nas diversas doutrinas, ainda surtem efeitos e é possível o acoplamento da entidade.

O Exu Tiriri, trabalham dentro desse aspecto, de uma ponta para a outra,  ultiliza inclusive dos aspectos construídos no indivíduo em sua cultura, crença e tradição. Como por exemplo a dualidade existente dentro do Catolicismo, ele não nega ajuda a consulente ou qualquer outro que tenha convicções religiosas mesmo que preconceituosas, fazem seu trabalho se adaptando a isso, fazendo seu papel de Executor, tal como se espera.

O Triângulo da Causação é reproduzido com uma linha contínua. Ele indica oque é necessário, no nível astral, para iniciar a criação de uma forma-pensamento. Para completar a fundação e trazer a forma-pensamento para o nível físico, é preciso mais um “ponto” - você mesmo, tanto como recipiente quanto como criador. O Triângulo da Causação obedece à lei segundo a qual “assim em cima como embaixo” e, como mostram as linhas pontilhadas, se reflete no nível inferior. Você se torna o quarto ponto e a figura toda se torna uma fundação quadrangular.



Autor: Agostinho de Siqueira Neto 

Obs: Apenas uma prévia, pois está em desenvolvimento a parte 5.